O jejum é a abstinência total ou parcial de
alimentos por um período definido e propósito específico. Tem sido praticado
pela humanidade em praticamente todas as épocas, nações, culturas e religiões.
Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que o jejum
traz imensos benefícios físicos com a desintoxicação que produz no organismo.
Mas aqui será abordado o jejum bíblico.
Muitos cristãos desconhecem o que a Bíblia diz a
respeito do jejum; ou receberam um ensino distorcido ou não receberam
ensinamento algum sobre o assunto.
A igreja hoje vive dividida entre dois extremos:
aqueles que não dão valor algum ao jejum e aqueles que se excedem em suas
ênfases sobre ele. Talvez Deus queira despertar a todos para uma compreensão e
prática deste princípio que, sem dúvida, é uma arma poderosa do cristão.
Não há regras fixas na Bíblia sobre quando jejuar
ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Mas a prática do jejum,
além de ser recomendação bíblica, traz consigo alguns princípios que devem ser
entendidos e seguidos. O fato de não existir ordens diretas a respeito do
jejum, não quer dizer que não se deve jejuar. O próprio Jesus instrui quanto ao
jejum: “Tu, porém, quando jejuares, unges tua cabeça, e lava o teu rosto para
não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mateus 6.16-18).
O que Jesus quer dizer através destas palavras é que não se deve jejuar para se mostrar
diante de outras pessoas, o jejum é uma maneira de se aproximar de Deus, o jejum promove o estado de comunhão
com Deus, liberando assim o Espírito Santo (que é responsável
pelo nosso com Deus) a agir no homem interior. O fato de Jesus dizer que
o jejum deve ser em secreto não quer dizer que não possa se comentar que está
jejuando ou que já tenha jejuado, porque assim como saber que Jesus jejuou no
deserto? O importante é que o jejum não seja para “aparecer” diante das
pessoas, como faziam os fariseus (Lucas 18.12).
PROPÓSITO DO JEJUM
Todas as vezes que alguém fazia um jejum, na Bíblia,
este possuía um propósito especifico para realizá-lo. Alguns dos relatados são:
ANTIGO TESTAMENTO
Consagração – Números 6.3-4
Arrependimento de pecados – 1 Samuel 7.6
Luto pelo rei Saul – 2 Samuel 1.12; 3.35
Aflições – 2 Samuel 12.16-23; 2 Crônicas 20.3
Buscando proteção – Esdras 8.21-23; Ester 4.16
Em situações de enfermidade – Salmos 35.13
Intercessão – Daniel 9.3; 10.2-3
NOVO TESTAMENTO
Preparação para batalha espiritual – Mateus 17.21
Estar com o Senhor – Lucas 2.37
Preparar-se para o ministério – Lucas 4.1-2
Para ministrar ao Senhor – Atos 13.2
Para enviar obreiros – Atos 13.3
Estabelecer presbíteros – Atos 14.23
Outros exemplos – 2 Coríntios 6.3-10; 11.23-27
Da mesma maneira que, na Bíblia estão registrados estes
e outros exemplos de jejuns, algo que pode ser observado em comum em todos os
casos é o propósito existente, cada um de acordo com a necessidade. O jejum é
algo pessoal e precisa ser realizado diante de Deus, com um propósito de
crescimento diante dele, nunca buscando interesses individuais, pois não é este
o propósito do jejum na Bíblia; a finalidade principal do jejum é a de
promover COMUNHÃO entre o homem e
Deus.
TIPOS DE JEJUM
JEJUM
PARCIAL – este se dá pela abstinência de parte da alimentação
diária (p.ex.: deixar de tomar café da manhã, almoçar ou, até mesmo deixar de
comer carne, refrigerante, etc.). O importante, neste caso, que se abstenha de
algo que seja parte constante da alimentação. Se a abstinência é de algo que se
coma esporadicamente, não caracteriza um jejum.
Exemplo bíblico de jejum parcial é o de Daniel, que
ficou três semanas sem comer carne, vinho e manjares desejáveis (Daniel
10.2-3).
Geralmente este tipo de jejum tem uma durabilidade
maior.
JEJUM
NORMAL – este tipo de jejum se dá a abstinência total de
comida, com exceção da água, que pode ser tomada durante o seu período. Este
foi o jejum praticado por Jesus no deserto, relatado em Mateus, capítulo 4.1-2,
durante 40 dias e noites. É o tipo mais comum de ser realizado.
JEJUM
TOTAL – neste tipo de jejum se dá a abstinência total de
alimentos e água durante um período pré-estabelecido. Deve ser lembrado que o
intuito do jejum é o de mortificar os desejos carnais, não da morte física em
si, visto que o corpo humano necessita, muito, de água para suas funções
básicas. Existe o exemplo da rainha Ester que jejuou assim (Ester 4.16) e do
apóstolo Paulo, logo ao se converter em Damasco (Atos 9.9), ambos durante três dias.
A medicina adverte que ficar sem beber água durante um período maior que três dias
pode ser nocivo à saúde.
A Bíblia não determina a duração exata para um jejum,
porém existem algumas citações de determinados tipos de jejuns, com o mesmo
propósito que tinha uma duração comum de tempo. São elas:
O jejum da Expiação – 1 dia (Levítico 23.27);
Os jejuns de Ester e Paulo, citados anteriormente, com
3 dias de duração (Ester 4.16 e Atos 9.9);
Jejum pelo luto do rei Saul – 7 dias (1 Samuel 31.13);
Jejum involuntário de Paulo e os náufragos – 14 dias
(Atos 27.33);
O jejum de Daniel em favor de Jerusalém – 21 dias
(Daniel 10.3);
O jejum do Senhor Jesus no deserto – 40 dias (Lucas
4.1-2).
O jejum de Moisés (Êxodo 34.2) e Elias, ambos, no monte Sinai
(1 Reis 19) feito durante 40 dias e noites foi total. Deus deu-lhes uma direção
específica e sobrenatural, pelo contrário os seus corpos não suportariam a
desidratação.
O jejum leva a uma união mais estreita com Deus.
Enquanto o corpo está sendo privado, com o objetivo de se aproximar de Deus,
Ele promete, em troca aproximar-se daqueles que o buscam. Esta é uma certeza
espiritual, à medida que o homem diminui, o Espírito cresce nele e, como
individuo é fortalecido e renovado, embora exteriormente esteja se desgastando,
interiormente se renova diariamente (2 Coríntios 4.16).
Embora o contexto citado acima se aplique ao destino
eterno do homem, o mesmo princípio pode ser aplicado à jornada diária do
cristão; quando se humilha e priva o seu corpo através do jejum, o homem
espiritual é fortificado e os sentidos mais aguçados. Este princípio serviu na
igreja primitiva, que tomava suas decisões com jejum e oração, através dos
quais Deus dava-lhes instruções e direções (Atos 13.2-3).
Os maus reis, destinados à destruição, recebiam
misericórdia através de humilhar-se e pelo jejum (1 Reis 21.29). Toda a cidade
de Nínive, incluindo os animais, jejuou após ouvir o pronunciamento do
julgamento do profeta Jonas (Jonas 3.10) e Deus os poupou. Jesus recebeu
preparação divina para o seu ministério enquanto jejuava e enfrentava a tentação
(Lucas 4.1-2). Moisés esperou em Deus durante 40 dias e recebeu a revelação
divina dos mandamentos de Deus para o povo de Israel (Êxodo 34.2).
Todas as vezes que alguém praticava o jejum, na Bíblia,
as pessoas agiam de forma diferente do normal, por exemplo: o rei Davi se
vestia de panos de saco, Daniel orava constantemente e, assim por diante.
Abaixo, são listadas algumas coisas imprescindíveis
para a realização do jejum:
LEITURA
DA PALAVRA – é um fator importantíssimo no jejum, pois quando
jejua-se o espírito do homem está mais ligado ao de Deus, o que ajuda na
compreensão da Palavra de Deus;
ORAÇÃO
– Não existe jejum sem oração. A oração é a maneira do homem se
comunicar com Deus, portanto essencial ao começar um jejum que se ore para
estabelecer os objetivos e propósitos com este e ao término é necessária a
oração oferecendo a Deus o seu sacrifício. Sempre há tempo de condições para
conversar com Deus.
ESTAR
NO ESPÍRITO – é viver com a mente voltada para o céu, ligado nas
coisas espirituais. Uma condição de vida para todos os servos do Senhor Jesus,
jejuando ou não.
ALGUMAS ADVERTÊNCIAS QUANTO AO JEJUM
O jejum não salva – Lucas 18.9-14
Não se dever jejuar para se exibir – Mateus 6.16-18
O jejum não deve ser um ritual religioso – Lucas 18.12
O jejum é inaceitável e sem efeito sem um
relacionamento com Deus – Isaias 58.3-9; Zacarias 7.5-6
O jejum não deve ser feito por questões de saúde física
– a Bíblia, em momento algum, relata que o jejum traz benefícios para o
organismo humano, embora este ajude na desintoxicação, mas este não deve ser o
objetivo (propósito) pelo qual o jejum seja realizado.
Jejum não é uma prática ascética – Colossenses 2.20-23
– a espiritualidade não vem da punição do corpo, mas do relacionamento com Deus;
assim como a salvação é por fé e não por obras (Efésios 2.8-9).
O jejum não garante que a oração seja atendida – 2
Samuel 12
O jejum é um assunto pessoal, uma realização de fé –
Hebreus 11.6
O jejum é a única prática espiritual que pode
interferir com o aspecto físico do relacionamento conjugal – 1 Coríntios 7.1-5
Existem demônios que só são expulsos através do jejum e
oração – Mateus 17.18-21
QUANDO JEJUAR?
Jejue quando fortemente
tentado (Mateus 4.2).
Jejue quando a sabedoria é ansiosamente desejada
(Daniel 9.3).
Jejue quando a ajuda e a proteção são necessárias
(Esdras 8.21-23; 2 Crônicas 20.3; Jeremias 36.9).
Jejue quando é desejada a vitória sobre poderes demoníacos (Mateus 17.21; Marcos 9.29).
Jejue quando é desejada a vitória sobre poderes demoníacos (Mateus 17.21; Marcos 9.29).
Jejue quando é desejada a vitória sobre situações
que parecem impossíveis (Ester 4.10-17; 9.31; Neemias 1.4).
Jejue quando algo é ansiosamente desejado de Deus e
a resposta não veio só pela oração (Isaías 1.6-7).
Jejue quando lamentando por entes queridos ou pela
defesa do povo de Deus (2 Samuel 1.12).
Jejue quando novos ministros foram consagrados, e
quando os homens saem a proclamar a Palavra de Deus, e contra os inimigos
espirituais (Atos 13.2-3; 14.23).
Jejue quando envolvido em ministério espiritual (2 Coríntios
6.5; 11.27)
Jejue durante períodos de arrependimento especial,
confissão, e avivamento (Joel 1.14; 2.12; 2.15; Neemias 9.1-2).
NOTAS CONCLUSIVAS
O jejum é um compromisso feito com Deus e, depois
que se decide fazer um sacrifício como este é importante honrá-lo até o final
(Eclesiastes 5.4). É indispensável levar o jejum a sério, assim como a vida
cristã, pois somente aqueles que assim escolhem viver poderão gozar das bênçãos
que o Senhor tem preparado para aqueles que o amam. Tudo o que fizer, seja para
a glória de Deus.
Não basta orar; é necessário orar e jejuar, pois
esta combinação faz com que o homem de Deus se aproxime cada vez mais de seu
Criador e se sujeite às Sua vontade que é boa, perfeita e agradável (Romanos
12.1-2), além de compreendê-la e realizá-la em sua vida e tornar-se mais que
vencedor em todas as coisas, por meio de Cristo Jesus, o maior exemplo de
sacrifício dado a todos.
Que o Senhor possa enriquecer cada coração e fazer
com cada um tenha mais e mais desejo de conhecer a Deus e dedicar tempo a Ele,
através do jejum, da oração e da leitura da Palavra de Deus, que é a verdadeira
bússola para o ser humano não se perder em meio a um mundo tão perverso e cheio
de malignidades. Mas Deus é amor, paz, longanimidade, bondade, fidelidade e tem
os seus frutos para brotar em cada um que se coloque diante dele,
constantemente, através da súplica, do sacrifício, do jejum e do amor ao Deus
que pode todas as coisas.